quinta-feira, janeiro 12, 2006

Entre Quatro Paredes



Certo dia, acordei e vi o pesadelo de quatro muros a me cercar.
O primeiro era espelhado e refletia uma imagem distorcida do meu Eu. Era o muro das vaidades.
O segundo era uma estrutura espessa de concreto. Nele, estava pintado de ponta a ponta com letras de sangue o termo "Proibido!". Percebi que era o muro da culpa.
O terceiro localizava-se oposto ao das vaidades e era construído por enormes pedras cheias de lodo que ressonavam murmúrios: “você não vai conseguir”, “é perda de tempo”, “É muita areia pro seu caminhão” e “blá-blá-blef”. Sem dúvida era o muro da baixa-estima, do medo.
O quarto era o que mais me inquietava. Parecia feito de sombras e luzes que se revezavam, autopondo-se em um movimento autônomo. Eu não sabia dizer o que era. Só sei que o simples fato de me aproximar dele me sufocava, comprimia meu coração, dava-me vertigem. Eu nem sequer conseguia chegar perto o suficiente para tocar-lo, quanto mais transpor-lo...
(Jarir Pereira)
*Todos os direitos reservados ao autor.
>>>Depois eu continuo...