domingo, janeiro 27, 2008

Jarir

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Lectiones Meae



KÜNG, Hans. A igreja católica. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva, 2002. 263 p. (Col. História Essencial)

O teólogo suíço apresenta em uma linguagem concisa a trajetória da Igreja Católica romana, centralizando-se em torno do papismo. Jesus fundou igreja? Jesus fez de Pedro o primeiro papa? Como surgiu o dogma da infalibilidade papal? Estas são algumas das questões tratadas neste livro, muito mais de forma histórica do que teológica.
A Igreja Católica é uma dos mais representativos símbolos do mundo ocidental. Sob a insígnia do cristianismo, ela é herdeira do Império Romano em decadência. Na Idade Média européia, era uma senhora feudal e detentora da verdade. O racionalismo da Idade Moderna foi desbancando a “Fides” para um segundo plano. Mesmo assim, ainda hoje, a voz desta Eclésia tem certo peso com seus milhares de fiéis.
Hans Küng é um reformador. Defende não o fim da Igreja Católica, mas uma mudança do paradigma clericalista, papista, autocrático. Contra o modelo contra-reformista e anti-modernista, propõe uma Igreja mediada pelo modelo policêntrico, ecumênico, caritativo e democrático. Isto se traduz através de um programa que envolveria medidas tais como:
- ordenação de mulheres;
- instituição do celibato opcional para os sacerdotes (hoje é obrigatório);
- extinção do dogma da infalibildade papal;
- extinção da proibição de uso de contraceptivos artificiais para o controle de natalidade e prevenção de DST;

- promoção da valorização dos leigos;
- prover mais autonomia para as igrejas regionais e locais.

Por fim, após uma crítica negativa ao papado de João Paulo II, o autor afirma que a pergunta “para onde está indo a Igreja Católica?” só pode ser bem entendida se ligada à questão mais abragente “para onde está indo a humanidade?”. O ethos eclesial deve compreender a exigência de um novo ethos mundial. Que este não uniformize as religiões e igrejas, mas que as faça elegerem programas em comum como redução ou afim da fome e da miséria no planeta. Que contribua para solução pacífica de conflitos. Que promova a harmonia do homem com a natureza. Que promova a tolerância entre povos, culturas e etnias.
PS.: Uma igreja proselitista como a atual é realmente broxante, não desperta nenhuma relação erótica. A figura institucional do papa mais parece uma caricatura. E o Bento XVI, uma vitalina que ficou no caritó, querendo que o mundo viva a sua moral.

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terça-feira, agosto 08, 2006

Tão distante


Desejo de mudar o mundo,
Desejo de mudar as pessoas,
Quando não consigo mudar a mim mesmo!

Embora esteja sempre partindo,
Tenho partido para muito perto,
Um perto que tem me deixado
Tão distante de mim.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Entre Quatro Paredes



Certo dia, acordei e vi o pesadelo de quatro muros a me cercar.
O primeiro era espelhado e refletia uma imagem distorcida do meu Eu. Era o muro das vaidades.
O segundo era uma estrutura espessa de concreto. Nele, estava pintado de ponta a ponta com letras de sangue o termo "Proibido!". Percebi que era o muro da culpa.
O terceiro localizava-se oposto ao das vaidades e era construído por enormes pedras cheias de lodo que ressonavam murmúrios: “você não vai conseguir”, “é perda de tempo”, “É muita areia pro seu caminhão” e “blá-blá-blef”. Sem dúvida era o muro da baixa-estima, do medo.
O quarto era o que mais me inquietava. Parecia feito de sombras e luzes que se revezavam, autopondo-se em um movimento autônomo. Eu não sabia dizer o que era. Só sei que o simples fato de me aproximar dele me sufocava, comprimia meu coração, dava-me vertigem. Eu nem sequer conseguia chegar perto o suficiente para tocar-lo, quanto mais transpor-lo...
(Jarir Pereira)
*Todos os direitos reservados ao autor.
>>>Depois eu continuo...

segunda-feira, dezembro 12, 2005

quinta-feira, novembro 17, 2005

* Colheita Amorosa *



Quero colher amores
Como quem colhe flores;
Começarei pela Margarida;
Farei dela minha querida.

Contemplarei a volúpia da Rosa,
Evitando seus espinhos, situação dolorosa;
Buscarei o Amor-perfeito
Com o mais intenso proveito.

Namorarei as Bromélias;
Encantarei as Camélias;
Colherei flores dos diversos odores
E das mais variadas cores.

Hei de colher flores serranas,
Silvestres, sertanejas e litorâneas;
Algumas todo meu corpo impregnaram,
Outras de um simples cheiro não passarão.

Todas marcadas por sua efemeridade;
Cada uma com sua específica tonalidade;
Porém, ao chegar o fim do dia,
Última melodia em que o sol não mais irradia,
A Flor-da-noite, perdição, conhecerei
E ao tocar sua beleza alucinógena já não serei, morrerei.
(Jarir Pereira)
*Todos os direitos reservados ao autor.
Poema que fiz quando eu tinha uns 18 anos e estava no seminário. Lembro que na ocasião eu tinha lido sobre as propriedades alucinógenas do Absinto e da Flor da noite.
O absinto é uma bebida feita da planta Artemisia absinthium. Por ter uma cor verde e seus "poderes mágicos" é conhecida como fada verde (La Fée verte). Seu teor alcoólico pode chegar até 54%. Dizem que antes de cortar a orelha Van Gogh tomou um porre de Absinto. Oscar Wilde, Picasso, Rimbaud, Paul Verlaine, Degas, Hemingway, Toulouse-Lautrec, Baudelaire, Monet, Gauguin, Klimt e os portugueses Eça de Queirós e Fernando Pessoa também eram fregueses desta bebida. Nunca tomei, mas um dia eu tomo um porre desta "égua". Só não quero acordar com a orelha cortada.
Ah, quanto a Flor-da-noite (Hylocereus undatus) é uma planta que floresce só durante a noite e em algumas espécies só florescem uma vez ao ano.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Introdução Bloguiana


Eikasia. É assim que Platão denomina o primeiro grau da gnose humana. É a instância da Imaginação, das Pro-Jecções. Uma imagem nos proporciona uma doxa (opinião) acerca do mundo. Poderia até dizer kantianamente que a mente humana é uma máquina fotográfica a registrar os fenômenos do mundo e lhes conferindo sentido. Mas minhas leituras me levam a crer que há mais coisas envolvidas aí nessa Captatio Mundi. Poderia dizer que a “realidade” nos chega e nós chegamos a ela através de uma relação sistemática entre sujeito e objeto, mediado por um esquema simbólico-histórico.
Este blog é um pro-jecto, um buraco-branco expelindo matéria. Imagens que se fundem. Seria eu o senhor dessas imagens? Até quanto elas me pertencem, uma vez que elas não me chegam do nada? Quem sabe eu seja escravo delas, uma vez que elas me orientam? Talvez, eu seja um mutante, uma coisa esquisita, que se manifesta como Senhor-Escravo. Dentro de minha mente, hegelianamente, duelam Senhor e Escravo até o apocalypse final do meu ser, quando já não há mais campo de batalha.
Este blog é um arroto oriundo das ruminações das imagens que capto ao meu redor.
A ti visitante-conhecido, digo que aqui pode estar imagisticamente aquela nossa conversa daquele dia, aquele cinema, passeio, a lembrança do seu ser. Assim te trago.
E tu estrangeiro, não te acanhes. Ninguém é por completo estrangeiro de alguém. Se tu a mim chegas é que há alguma coisa de comum em nós, nem que seja a mais abstrata existencialidade humana.
E tu, Eu-visitante de mim mesmo, não te esqueci e nem querendo poderia. Fizeste bem em regurgitar tuas mortalidades, quem sabe assim viverás um pouco mais após a tua morte. Agradeço-te e envaideço-me por gastares teus preciosos segundos nestas fantasmagorias!