quarta-feira, janeiro 02, 2008

Lectiones Meae



KÜNG, Hans. A igreja católica. Rio de Janeiro. Ed. Objetiva, 2002. 263 p. (Col. História Essencial)

O teólogo suíço apresenta em uma linguagem concisa a trajetória da Igreja Católica romana, centralizando-se em torno do papismo. Jesus fundou igreja? Jesus fez de Pedro o primeiro papa? Como surgiu o dogma da infalibilidade papal? Estas são algumas das questões tratadas neste livro, muito mais de forma histórica do que teológica.
A Igreja Católica é uma dos mais representativos símbolos do mundo ocidental. Sob a insígnia do cristianismo, ela é herdeira do Império Romano em decadência. Na Idade Média européia, era uma senhora feudal e detentora da verdade. O racionalismo da Idade Moderna foi desbancando a “Fides” para um segundo plano. Mesmo assim, ainda hoje, a voz desta Eclésia tem certo peso com seus milhares de fiéis.
Hans Küng é um reformador. Defende não o fim da Igreja Católica, mas uma mudança do paradigma clericalista, papista, autocrático. Contra o modelo contra-reformista e anti-modernista, propõe uma Igreja mediada pelo modelo policêntrico, ecumênico, caritativo e democrático. Isto se traduz através de um programa que envolveria medidas tais como:
- ordenação de mulheres;
- instituição do celibato opcional para os sacerdotes (hoje é obrigatório);
- extinção do dogma da infalibildade papal;
- extinção da proibição de uso de contraceptivos artificiais para o controle de natalidade e prevenção de DST;

- promoção da valorização dos leigos;
- prover mais autonomia para as igrejas regionais e locais.

Por fim, após uma crítica negativa ao papado de João Paulo II, o autor afirma que a pergunta “para onde está indo a Igreja Católica?” só pode ser bem entendida se ligada à questão mais abragente “para onde está indo a humanidade?”. O ethos eclesial deve compreender a exigência de um novo ethos mundial. Que este não uniformize as religiões e igrejas, mas que as faça elegerem programas em comum como redução ou afim da fome e da miséria no planeta. Que contribua para solução pacífica de conflitos. Que promova a harmonia do homem com a natureza. Que promova a tolerância entre povos, culturas e etnias.
PS.: Uma igreja proselitista como a atual é realmente broxante, não desperta nenhuma relação erótica. A figura institucional do papa mais parece uma caricatura. E o Bento XVI, uma vitalina que ficou no caritó, querendo que o mundo viva a sua moral.

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