* Colheita Amorosa *
Quero colher amores
Como quem colhe flores;
Começarei pela Margarida;
Farei dela minha querida.
Contemplarei a volúpia da Rosa,
Evitando seus espinhos, situação dolorosa;
Buscarei o Amor-perfeito
Com o mais intenso proveito.
Namorarei as Bromélias;
Encantarei as Camélias;
Colherei flores dos diversos odores
E das mais variadas cores.
Hei de colher flores serranas,
Silvestres, sertanejas e litorâneas;
Algumas todo meu corpo impregnaram,
Outras de um simples cheiro não passarão.
Todas marcadas por sua efemeridade;
Cada uma com sua específica tonalidade;
Porém, ao chegar o fim do dia,
Última melodia em que o sol não mais irradia,
A Flor-da-noite, perdição, conhecerei
E ao tocar sua beleza alucinógena já não serei, morrerei.
(Jarir Pereira)
*Todos os direitos reservados ao autor.
Poema que fiz quando eu tinha uns 18 anos e estava no seminário. Lembro que na ocasião eu tinha lido sobre as propriedades alucinógenas do Absinto e da Flor da noite.
O absinto é uma bebida feita da planta Artemisia absinthium. Por ter uma cor verde e seus "poderes mágicos" é conhecida como fada verde (La Fée verte). Seu teor alcoólico pode chegar até 54%. Dizem que antes de cortar a orelha Van Gogh tomou um porre de Absinto. Oscar Wilde, Picasso, Rimbaud, Paul Verlaine, Degas, Hemingway, Toulouse-Lautrec, Baudelaire, Monet, Gauguin, Klimt e os portugueses Eça de Queirós e Fernando Pessoa também eram fregueses desta bebida. Nunca tomei, mas um dia eu tomo um porre desta "égua". Só não quero acordar com a orelha cortada.
Ah, quanto a Flor-da-noite (Hylocereus undatus) é uma planta que floresce só durante a noite e em algumas espécies só florescem uma vez ao ano.